“A democracia é alimentada pela vontade do povo , pelas suas vozes, pelas suas escolhas e pela sua participação.” – António Guterres [Secretário-Geral das Nações Unidas]

Neste dia, em que se renova o compromisso global de proteger os direitos humanos e promover a cooperação internacional inclusiva, lembramos a importância da participação ativa dos jovens na construção de sociedades democráticas, livres e abertas.

Porque estas palavras continuam urgentes, recuperamos o manifesto escrito pelos 140 jovens que, em 2024, fizeram parte do Hackfordemocracy25A. Promovido pelo Circuito, Serviço Educativo da Braga Media Arts, no âmbito do programa europeu EU Digital Deal, este grande evento de discussão e colaboração jovem desafiou-os a refletir criticamente sobre os obstáculos enfrentados pelas democracias, pela liberdade e pelas revoluções, afirmando-os como uma voz ativa numa sociedade em permanente transformação. Porque uma sociedade verdadeiramente democrática é uma sociedade que ouve – e que faz – de forma inclusiva! O Manifesto que resultou desta experiência foi o seguinte:

Dizem que somos individualistas e comodistas, que não queremos saber de política, que não sabemos nada do que se passa à nossa volta. Talvez haja um fundo de verdade, mas temos algo a dizer.

50 anos depois do 25 de abril sentimos que a democracia está em perigo e que as coisas não correram como pensávamos. Enfrentamos hoje desafios complexos que põem em causa a liberdade e a igualdade. Preocupam-nos as alterações climáticas, a desigualdade de género, o crescimento da extrema-direita, a homofobia e a transfobia, a xenofobia, o racismo, a falta de habitação, as desigualdades na saúde e na cultura, a guerra, a desinformação e as fake news, a corrupção.

Esta noite 140 jovens ocuparam o gnration. Imaginamos o que seria viver em ditadura. Refletimos sobre o que é o poder, a censura, a opressão.

Não temos ainda direito de voto, mas democracia não é só votar. Partilhamos convosco 25 ideias para a cidade, o país e a Europa. Não são ideias vagas, são propostas concretas. E são urgentes.

Braga
- Melhorar a rede de transportes públicos;
- Investir na reciclagem, colocar mais ecopontos e casas de banho públicas na cidade;
- Recuperar o Rio Este;
- Melhorar passeios e pavimentos para pessoas com mobilidade reduzida;
- Construir rampas e acessos em edifícios culturais (teatros, cinemas, etc.);

Portugal
- Criar ações de sensibilização e organizar festivais interculturais para as pessoas conhecerem outras culturas;
- Falar sobre estereótipos e sobre as culturas presentes no país nas várias disciplinas do currículo escolar;
- Promover a educação sexual nas escolas, permitindo que todos e todas se expressem como quiserem;
- Melhorar os programas de TIC para sabermos identificar fake news;
- Investir na educação política para os cidadãos e cidadãs de todas as idades;
- Reduzir as rendas e aproveitar as casas desabitadas para quem mais precisa;
- Aumentar o salário mínimo e médio;
- Comparticipar todos os exames de saúde através do Estado;
- Garantir que toda a gente tem direito a serviços de psicologia e dentista;

Europa
- Garantir a igualdade salarial entre os géneros, com consequências pesadas a quem não cumprir;
- Combater o capacitismo, ouvindo as vozes das pessoas com deficiências, trabalhando a empatia dos jovens e crianças;
- Promover preços mais acessíveis para o acesso à cultura;
- Criar espetáculos culturais com opções para invisuais e pessoas surdas;
- Aumentar os impostos dos combustíveis fósseis e investir em energias renováveis;
- Garantir a diversidade e pluralidade na participação política;
- Implementar programas contra a corrupção;
- Controlar a taxa euribor para baixar os valores dos créditos à habitação;
- Dar maior visibilidade às diferentes culturas nos meios de comunicação social;
- Combater os estereótipos, deixando de apresentar o tipo de pessoa ideal na comunicação social;
- Criar medidas para combater as fake news e a desinformação.

Acima de tudo, queremos ser escutados e questionados. Queremos espaços onde possamos participar. Queremos ser uma voz ativa numa sociedade em constantes transformações. Afinal, somos o futuro, mas somos também o presente.

Esta ação, operacionalizada pela empresa Faz Cultura - Empresa Municipal de Cultura de Braga no âmbito do programa EU Digital Deal, co-financiado pela Comissão Europeia, contou ainda com o apoio excecional da Agere, da Edigma, da Cruz Vermelha Portuguesa (em particular a Delegação de Braga e a Coordenação Nacional de Emergência),  do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, do IPCA, além de um conjunto alargado de voluntários e profissionais locais que prestaram todo o apoio necessário a um evento desta natureza e dimensão, contribuindo para o seu sucesso.